Foi assim com o Jorge Santos, que conheci pessoalmente no dia em que fundámos os Pentautores, naquele já lendário 14 de janeiro de 2017, em Porto D’Ave, na Póvoa de Lanhoso.
A Suzete Fraga, incansável como sempre, levou-nos nessa pequena odisseia literária que incluiu castelo, santuário e boa mesa.
Foi um dia frio, sim, mas cheio de calor humano — o dia em que percebi que as pessoas por trás das palavras são ainda mais interessantes do que os textos que escrevem.
Volvidos estes anos, tive o privilégio de voltar a partilhar um momento literário com o Jorge, que me convidou — como amigo e cofundador dos Pentautores — para escrever o prefácio e apresentar o seu livro Pseudo-contos 1.
Foi um convite especial, feito com a generosidade e a confiança que sempre caracterizaram a nossa amizade.
Pseudo-contos 1 é, como o próprio título sugere, uma brincadeira séria com a forma e o conteúdo.
São contos que desafiam convenções, cruzam o humor com o drama, o quotidiano com o insólito, o real com o fantástico.
Jorge Santos escreve com liberdade e ironia, mas também com uma ternura escondida entre as entrelinhas.
É o tipo de livro que nos faz rir num parágrafo e pensar profundamente no seguinte — e é precisamente isso que o torna tão humano.
A sessão contou também com a presença e participação da Fabíola Lopes, professora, bibliotecária e autora de obra publicada.
A Fabíola é uma voz literária plural — publicou poesia (As vozes em mim), contos (Sombras sonâmbulas) e livros infantis como O que há na barriga do meu pai? e O que há nos cabelos da minha mãe?.
Colabora ainda na comunidade literária bracarense, nomeadamente na tertúlia A Velha Escrita, da qual o Jorge é um dos fundadores.
A sua intervenção trouxe um olhar sensível e cúmplice sobre o livro, enriquecendo o diálogo entre autores e leitores.
Entre o público, estiveram também Suzete Fraga, autora de Almas Feridas e Almas Rebeldes, cofundadora dos Pentautores e presença constante no nosso percurso literário; Ana Maria Monteiro, membro honorário dos Pentautores e participante ativa da Velha Escrita; e JP Felix da Costa, autor de Casa de Sant’Anna, obra publicada pela Cordel d’Prata, que se juntou a nós nesta celebração da palavra.
A presença de todos tornou o momento ainda mais especial — uma verdadeira reunião de amigos das letras, onde a escrita foi, mais do que tema, o elo de ligação.
Durante a apresentação, não resisti a uma piada: disse que aceitara o convite com algum receio — afinal, o Jorge é bem capaz de me transformar em personagem de um conto… e matar-me logo no segundo parágrafo!
Mas, se fosse ele a escrever a minha morte, seria certamente com elegância, humor e uma boa metáfora — e não há maneira mais bonita de partir numa história.
O Jorge é, como eu, autor independente, e é essa independência que lhe permite escrever com tanta liberdade e autenticidade.
Além de escritor, é também fotógrafo talentoso e fundador da tertúlia A Velha Escrita, onde a palavra e a imagem se cruzam num mesmo olhar curioso e atento.
Pseudo-contos 1 é um livro plural, como o próprio Jorge: nele convivem o riso, a crítica social, a fantasia e a ternura.
Entre os meus preferidos estão “Ode à Lua”, “Romeu”, “A Louca e o Mar” e “Nunca à Terça-feira” — cada um deles uma pequena surpresa, uma janela aberta para o imaginário e para o humano.
Foi uma apresentação especial — feita com amizade, admiração e aquele prazer raro de ver alguém fazer o que mais gosta: contar histórias.
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