A
verdade é que não há um adeus.
Não
adianta despedir-mo-nos vezes sem fim, como se fosse a última.
Pensar em ti, como se nunca mais te víssemos, ou ouvíssemos falar
de ti.
O
adeus não se fica para lá da tampa do ataúde com que te velaram o
rosto e te ocultaram dos meus olhos.
O
adeus não está sequer naqueles instantes solitários, em que nos
tornamos a despedir uma e outra vez, enquanto sofremos o remorso das
vezes que não disse que te amava, ainda que o adivinhasses nos meus
olhos.
O
adeus está na caminhada para o infinito que empreendeste,
deixando-nos a todos órfãos e desorientados. No vazio que deixaste,
na ausência pesada que agora mora connosco.
O
adeus está em cada pequeno momento que a tua memória me afaga, no
toque de cada objeto que sei tocado por ti, pelo manusear dos livros
que leste e em cada memória das conversas que tivemos sobre ele.
O
adeus está em cada paisagem que aprecio e sei que ias amar, em cada
maravilha da engenharia que vejo e sei que ias admirar.
O
adeus está neste mundo cruel que não se compadece e, mesmo sem ti,
continua a desfiar a sua rotina, dia após dia.
Não,
o adeus não ficou encerrado na caixa de madeira que te levou, quando
me perguntaram se me queria despedir.
Porque
a verdade, é que não há um adeus, mas sim milhares deles que se
estenderão pelo resto da vida.
1 comments:
Tão intenso e cheio de amor, saudade... Onde quer que esteja e, só pode estar no lugar destinado às pessoas especiais, está a babar de orgulho. Fez um excelente trabalho.
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