O início da viagem
Cumpriram-se no passado dia 31 de julho deste ano, dez anos desde a publicação do meu primeiro livro, Terras de Xisto e Outras Histórias. Uma década de escrita, de criação de mundos, de descobertas sobre pessoas, lugares e sobre mim mesmo.
Desde que me lembro, as histórias fizeram parte da minha vida. O meu pai tinha uma biblioteca considerável; era um simples tipógrafo, mas possuía uma cultura acima da média e adorava os seus livros, os meus avós, tanto o paterno como o materno, contavam anedotas ou peripécias da sua juventude que eu escutava avidamente. Passei muitas horas da infância mergulhado entre livros, num tempo em que não ainda não existia internet, os computadores eram coisas da NASA e a televisão só transmitia durante algumas horas do dia. Foi aí que aprendi a viajar sem sair do lugar e a sentir as personagens como velhos amigos.
O primeiro livro
Quando, no longínquo ano de 2014, decidi que iria publicar um livro, não tinha nada pronto, somente umas dezenas de páginas de histórias rabiscadas e muitas ideias.
Terras de Xisto e Outras Histórias nasceu assim mesmo, de ideias dispersas, pequenos contos que escrevi para recreação e que depois compilei. O primeiro deles, o meu preferido e que também dá título ao livro, revê o meu amor por Trás-os-Montes, pelo século XIX e pelas pessoas simples, generosas, mas determinadas, que habitam aquela região.
O enredo, trouxe à luz uma narrativa rica e envolvente que tocou os corações de muitos leitores. Este conto não só apresentava personagens inesquecíveis, como Maria e Zé, mas também fazia refletir sobre valores humanos fundamentais como a generosidade, o amor pelo próximo, a coragem e a justiça.
A evolução
Seguiu-se o romance Lágrimas no Rio, o meu livro mais vendido, num cenário semelhante a Terras de Xisto, mas em 1830, nos anos que antecederam a guerra civil entre D. Pedro e D. Miguel.
Depois, regressaram os contos, primeiro com Daqueles Além Marão e depois com Entre o Preto e o Branco. No primeiro explorei novamente personagens transmontanas, o segundo permitiu-me apresentar alguns contos passados nos nossos dias, a questão das escolhas que fazemos e as opções que temos disponíveis eram o tema.
Novo romance com A Caixa do Mal, voltei ao século XIX e aos dias das Guerras Liberais, cruzando elementos de Lágrimas no Rio e criando um ciclo intitulado A Maldição dos Montenegro.
Na Sombra da Mentira, o romance que me levou à cidade onde nasci, com uma narrativa contemporânea marcada pelo mistério e pela investigação pessoal do protagonista e várias retrospetivas aos tempos em que a cidade era uma aldeia.
Finalmente Depois das Velas se Apagarem, contos especiais selecionados pelos temas que tocam o sobrenatural.
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Momentos marcantes e projetos
Ao longo destes dez anos, participei em dezenas de antologias de contos em diversas editoras, publiquei em diversos sítios da internet e fui um dos fundadores do grupo Pentautores, que lançou várias coletâneas.
Mais recentemente, comecei a apoiar outros autores através da minha “pseudoeditora” Produções Debaixo dos Céus, um projeto que talvez venha a ter um papel maior no meu futuro literário. Com ela publiquei trabalhos de Fernando Morgado, Lucinda Maria e Suzete Fraga e espero poder ajudar muitos mais.
Paralelamente, mantenho vários livros em progresso, que espero um dia concluir, e continuo a escrever contos, que partilho com amigos e leitores no meu blogue pessoal. A escrita continua a ser para mim uma viagem permanente, um diálogo com o passado, com a paisagem e com a imaginação.
Todas as histórias são reais… mesmo as imaginadas.
Há dez anos a cruzar memória, paisagem e imaginação.
Obrigado
Obrigado a todos os leitores que me acompanham nesta viagem. Dez anos podem parecer muito, mas para quem escreve, é somente o início de muitas histórias por contar.