Eram tardes mágicas.
Os dias passavam-se numa lenta agonia,
Na expectativa da hora em que sairia correndo do emprego
Para te ver.
E as horas arrastavam-se demorando a minha dor,
Até chegar a hora em que correria para junto de ti.
Eram dias maravilhosos, aqueles.
Vivia-os como um
sonho do qual não queria acordar.
E ficava-me ali, a beber cada palavra tua,
A saborear cada olhar fugidio
E sempre temendo tocar-te.
O meu mundo nesse período,
Estava encerrado numa bolha de sabão.
Reluzente, envolto em miríades de luz, como um cristal,
Mas ténue e frágil como a mais pura porcelana.
Imóvel e inseguro,
Quedava-me ao pé de ti, esboçando uma carícia envergonhada,
Passando a mão no teu cabelo…
Mas sempre temendo que, num gesto brusco,
A bolha de sabão rebentasse
E o meu sonho, tu,
Se evaporassem numa explosão de lágrimas salgadas.