Este texto é uma obra de ficção. Embora possa incluir referências a eventos históricos e figuras reais, a história, os diálogos e as interpretações são fruto da imaginação do autor. Qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, é mera coincidência.

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2017 Publicação "Daquele Além Marão"

2020 Foi criada a nova imagem

2017 Apresentação na Casa dos Transmontanos do Porto

2022, Pela primeira vez, publicação em capa dura além de capa mole

2017 Apresentação na Confeitaria Luso-brasileira

2020 Publicação "Entre o Preto e o Branco"

2017 Apresentação no CITICA de Daqueles Além Marão

2016 Apresentação no CITICA de "Lágrimas no Rio"

2016 Publicação de Lágrimas no Rio

2016 Apresentação no ISLA de "Lágrimas no Rio"

2015 "Terras de Xisto" - A primeira publicação

2022 Publicação de "A Caixa do Mal"

2022 Devido ao seu sucesso, "Lágrimas no Rio" tem 2ª edição

2022 Publicação "Na Sombra da Mentira"

2022 Publicação "Depois das Velas se Apagarem"
quinta-feira, 4 de junho de 2015
terça-feira, 2 de junho de 2015
Margarida
Este texto é uma obra de ficção. Embora possa incluir referências a eventos históricos e figuras reais, a história, os diálogos e as interpretações são fruto da imaginação do autor. Qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, é mera coincidência.
Sentada nos últimos lugares do autocarro, Margarida
encolheu-se quando o homem se sentou a seu lado.
Naqueles lugares apertados, é praticamente
impossível não tocar nas pessoas e eles estavam tão próximos que
ela conseguia sentir o cheiro da loção da barba. Corou ao sentir o
calor da perna dele em contacto com a sua através dos jeans coçados.
Mexeu-se, desconfortável, tentando afastar a perna
dele.
Pelo canto olho, espreitou-lhe o rosto moreno de
nariz largo e sobrancelhas hirsutas encimado pela cabeleira negra e
encaracolada. O olhar parecia preso lá longe, na parte dianteira do
veículo.
Queria ver-lhe os olhos, mas não se atrevia a
voltar-se e olha-lo diretamente. Os olhos sempre foram aquilo que
mais a atraía nos homens...
Não que esse fato adiantasse para alguma coisa;
tinha vinte e dois anos e apenas teve um namorado. Se se pode chamar
namoro ao que ela e o "pau de virar tripas" do seu vizinho
pré adolescente fizeram durante dois anos... onde nem um beijo na
boca aconteceu.
Com o coração a bater apressadamente, pegou o
telemóvel e, simulando estar a escrever uma mensagem, inclinou o
vidro do aparelho de forma a apanhar por reflexão o rosto do
companheiro de viagem. Apreciou-o demoradamente e tentou fixar-lhe os
olhos... que repentinamente a focaram através do reflexo.
Surpreendida e atrapalhada, quase deixou cair o
equipamento. Virou rapidamente o mostrador para o chão enquanto se
esforçava por regularizar a respiração entrecortada e acalmar o
rosto que abrasava.
“Bem feita.” Censurava-se. “Sempre se deixara
ficar quieta no seu canto, que lhe dera para fazer aquela fita?”
Apertou as mãos nos ferros do banco da frente e
fechou os olhos com força inclinando a cabeça para baixo. “Será
que esta aflição é um ataque cardíaco? Não sou muito nova para
isso?”
Assim que começou a acalmar-se, puxou a cabeça
ligeiramente para trás e inspirou fundo. Abriu os olhos e aquele
rosto moreno, de olhos como carvões incandescentes, fitava-a num
misto de preocupação e divertimento enquanto perguntava: "Está
a sentir-se bem?"
Margarida soltou um gritinho de susto e,
completamente atordoada, levantou-se abruptamente gemendo disconexa:
"Sim, estou bem. Estou bem, obrigada. Sim, é a minha paragem,
tenho que sair aqui, com licença."
Na atrapalhação quase cai sobre o passageiro e sai
a correr do transporte público... ainda não era naquele dia que
arranjaria um namorado.